domingo, 4 de outubro de 2015

UM ESQUEMA

Colocados os diversos tipos discursivos e o grau de persuasão neles
contidos, vejamos um esquema que ajuda na melhor compreensão do interior
das unidades textuais. Segundo o que nos propõe Courdesses *, a análise dos
discursos deve ser considerada em função de quatro elementos: distância,
modalização, tensão, transparência. Façamos agora a adequação desses
elementos ao discurso autoritário e persuasivo.
1. Distância (atitude do sujeito falante face ao seu enunciado). — O
sujeito falante é exclusivo. O enunciado está marcado por uma espécie de
“desaparecimento” dos referentes. A voz do enunciador é mais forte do que os
próprios elementos enunciados.
2.Modalização (o modo como o sujeito constrói o enunciado). O texto
autoritário, persuasivo, possui traços muito peculiares: o uso do imperativo, o
caráter parafrástico etc.
* CORDESSES. Blum et Thorez en mai 1936; analyses d’énoncés. Langue Française, 9. Este
esquema está tratado com maiores detalhes no já citado livro de Eni Orlandi.
3. Tensão (relação que se estabelece entre o emissor e o receptor). O
emissor domina a fala do receptor; não abre espaço para a existência de
respostas. É um eu impositivo, é a voz de quem comanda.
4. Transparência (maior ou menor grau de transparência, ou opacidade, do
enunciado). Tende a uma maior transparência, visto tornar-se um enunciado
mais facilmente compreensível pelo receptor. A mensagem é mais claramente
afirmada. Com isso, o signo tem seu grau de polissemia diminuído. A metáfora
não convive muito bem com a violência do convencimento autoritário.
No próximo capítulo serão analisados alguns textos em que esses elementos
serão retomados.

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