Para se verificar a construção do discurso persuasivo, é necessário
reconhecer a organização e a natureza dos signos linguísticos. Afinal, é da interrelação
dos signos que se produz a frase, o período, o texto.
Há uma vasta bibliografia explicativa da estrutura e
das funções do signo lingüístico. Vamos fixar aqui algumas idéias que ajudem
na compreensão das articulações entre o signo e a persuasão.
É comum afirmar-se, segundo a orientação dada por Ferdinand de
Saussure, que todo signo possui dupla face: o significante e o significado. O
significante é o aspecto concreto do signo, é a sua realidade material, ou imagem
acústica. O que constitui o significante é o conjunto sonoro, fônico, que torna o
signo audível ou legível. O significado é o aspecto imaterial, conceitual do signo
e que nos remete a determinada representação mental evocada pelo significante.
Veja o que acontece com a palavra cabeça:
Ocorre que o significante e o significado são aspectos constitutivos de
uma mesma unidade. Quando enunciamos a palavra cabeça, o fazemos
relacionando conjunto sonoro e imagem mental. Dizemos, pois, que a palavra
cabeça possui uma significação.
Significante (Ste) + Significado (Sdo) = Signifcação(Sção).
Na frase “A cabeça é um órgão do corpo humano”, cabeça já nos produz
aqui uma significação. um sentido; ou se quisermos, nos representa mentalmente
aquilo que a forma lingüística está evocando. A significação é, portanto, uma
espécie de produto final da relação existente entre o significado e o significante.
Atentando para o que se disse acima, é possível realizar duas deduções:
1.) O signo é sempre arbitrário. Ou seja, não há relação direta entre o Ste e
o Sdo. Isso significa que nada existe na combinação dos sons que formam a
palavra cabeça (C + A + B + E + Ç + A) que una necessariamente tal palavra
com o correspondente significado cabeça.
O que rege as relações entre o Ste e o Sdo é a convencionalidade, daí ser
possível afirmar que não existe conjunção de obrigatoriedade entre o grupo
sonoro rosto e o seu correspondente físico, ou entre a palavra caneta e o objeto
caneta.
2.a) O signo é representativo, simbólico. Ou seja, coisas não se
confundem com palavras. As palavras não são as coisas que designam.
Um estudioso do assunto, S. Ullmann, assegura que os objetos só se relacionam
com os nomes através do sentido.
Assim sendo, podemos assegurar que um dos aspectos compositivos
básicos da palavra é o seu caráter simbólico, visto que as palavras estão sempre
em lugar das coisas e não nas coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário