Pelo que se leu até aqui é possível afirmar a seguinte idéia acerca do discurso
persuasivo: ele se dota de signos marcados pela superposição. São signos que,
colocados como expressões de “uma verdade”, querem fazer-se passar por
sinônimos de “toda a verdade”. Nessa medida, não é difícil depreender que o
discurso persuasivo se dota de recursos retóricos objetivando o fim último de
convencer ou alterar atitudes e comportamentos já estabelecidos. Isso nos
leva a deduzir que o discurso persuasivo é sempre expressão de um discurso
institucional. As instituições falam através dos signos fechados, monossêmicos,
dos discursos de convencimento. Tanto as instituições maiores — o judiciário, a
igreja, a escola, as forças militares, o executivo etc. — quanto as
microinstituições — a unidade familiar, a sala de aula, a sociedade amigos de
bairro etc. Assim, por exemplo, se o Código Civil determina que a monogamia é
o modo de organizar a família no Brasil, não nos é dado espaço para questionar
tal enunciado. As leis, a ética, são codificadas em signos tão persuasivos que a
monogamia passa a ser aceita como uma espécie de verdade absoluta. Caso
tenhamos convicções poligâmicas, todo o esforço das instituições –
representadas nas mais diversas falas, inclusive dos amigos, dos vizinhos, do
padre etc. — será no sentido de reverter esse comportamento. Nesse caso, a ação
persuasiva será no sentido de alterar uma atitude que afronta as instituições.
* ECO, Umberto. A estrutura....cit,p.85.
Mas, se ainda nos mantivermos firmes em nossa posição poligâmica,
afrontantando, portanto, a fala institucional, quebrando a normatividade da
organização familiar, então poderão ser esgotados os argumentos discursivos e
advirão outras foriiias repressivas, inclusive a física.
Os discursos que enunciamos em nosso cotidiano individual, conquanto
possam estar dotados de recursos composicionais, estilísticos, até muito
originais, não deixam de trazer a natureza sociabilizada do signo. Daí que os
signos enunciados por nós revelam as marcas das instituições de onde derivam.
Ao absorvermos os signos, incorporamos preceitos institucionais que nem
sempre se apresentam tão claramente a nós. É necessário, então, indagarmos um
pouco mais sobre a natureza do discurso persuasivo enquanto ponte para as falas
institucionais.
copiou o texto inteiro de um livro :(
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