Entre a enorme variável dos textos persuasivos, um nos interessa muito de
perto, quer por haver perseguido nossa formação escolar, quer pelas implicações
ideológicas que possui: o livro didático.
Esse tipo de obra costuma estar marcada por duas variáveis fundamentais: a
estereotipia e a idealização. Vale dizer, a estandardização dos comportamentos,
da ética, dos pressupostos culturais, da visão acerca da família, do papel do
Estado, para ficarmos em alguns dos assuntos mais comuns aos livros didáticos,
em especial aqueles dedicados ao primeiro grau.
Tais livros são organizados em torno de temas como religião, riqueza,
pobreza, amizade, felicidade etc. É um procedimento que visa a ensinar as
primeiras letras: alfabetização, leitura; particularmente, pretende formar os
“bons hábitos”, despertar a criança para “os valores mais caros à sociedade”, o
respeito às leis, às tradições, enfim, aquele corpo de preceitos ditados como
expressivos e determinantes para a vida futura do educando. São, portanto,
textos de “forja”, de artesanato da alma, de inculcação dos modelos que as
classes dominantes determinaram como padrão de conduta.
Sendo livros idealizados, costumam esvaziar dos conceitos ensinados os
traços da História, deixando-nos uma fórmula que parece ter vindo de nenhum
lugar e se dirige para lugar algum. Por estarem marcadas pelo estereótipo, tais
obras conseguem apresentar modelos que pouco ou nada têm a ver com a
realidade da maioria das crianças, refletindo quase sempre formas ligadas ao
padrão de vida de uma pretensa classe média. Podemos ver que no livro
didático, conquanto nascido para a “neutra” função de alfabetizar, de servir
como instrumental de leitura, transita ideologias, configurando uma atitude
nitidamente persuasiva.
Um dos temas mais caros ao livro didático é o da família. Vejamos como
ela tratada por Yolanda Marques:
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