As idéias que acabamos de expor estão incorporadas tradicionalmente aos
estudos do signo, representando um consenso entre os lingüistas. Sem ir contra
essa corrente, Emile Benveniste, um lingüista francês, avança um pouco mais as
discussões em torno da natureza e das funções do signo lingüístico. Para ele a
relação entre palavras e coisas não está apenas determinada pela arbitrariedade
(conquanto esta exista), mas também pela necessidade. Teríamos que, existindo
a parte do corpo humano formado pela cabeça, foi necessária a criação de algum
designativo para indicá-lo. Podemos então deduzir que as circunstâncias
históricas, o mundo concreto, os anseios espirituais, ao longo de seus processos
de desenvolvimento, foram criando necessidades de nomeação dos objetos. A
arbitrariedade eria urna espécie de segundo momento, precedida pela
necessidade. O homem precisa nomear e o faz arbitrariamente, criando o
símbolo a que chamamos de signo ou palavra.
Resta-nos dessas observações que o desejo de comunicar certas idéias - a
comunicação propriamente dita, a vontade de dizer coisas aos outros e o efetivo
ato de dizer, o movimento em direção à construção do texto e sua construção -
fica mediado por essa unidade menor que se chama signo. O modo de articulálo,
organizá-lo, poderá determinar as direções que o discurso irá tomar, inclusive
de seu maior ou menor grau de persuasão.
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