domingo, 4 de outubro de 2015

O DISCURSO AUTORITÁRIO

Essa é a formação discursiva por excelência persuasiva. Conquanto no
discurso polêmico também haja persuasão, é aqui que se instalam todas as
condições para o exercício de dominação pela palavra. Aquilo que se
convencionou chamar de processo de comunicação (eu-tu -eu praticamente
desaparece, visto que o tu se transforma em mero receptor, sem qualquer
possibilidade de interferir e modificar aquilo que está sendo dito. É um discurso
exclusivista, que não permite mediações ou ponderações. O signo se fecha e
irrompe a voz da “autoridade” sobre o assunto, aquele que irá ditar verdades
como num ritual entre a glória e a catequese.
O discurso autoritário lembra um circunlóquio: como se alguém falasse
para um auditório composto por ele mesmo. É na forma discursiva que o poder
mais escancara suas formas de dominação. Enquanto o discurso lúdico e o
polêmico tendem a um maior ou menor grau de polissemia, o autoritário fixa-se
num jogo parafrásico, ou seja, repete uma fala já sacramentada pela instituição:
o mundo do diálogo perdeu a guerra para o mundo do monólogo. A sociedade
moderna está fortemente impregnada desta marca autoritária do discurso. A
persuasão ganhou força de mito. Afinal, a propaganda é ou não é a alma do
negócio?
O discurso autoritário é encontrável, de forma mais ou menos mascarada, na
família: o pai que manda, sob a máscara do conselho; na igreja: o padre que
ameaça sob a guarda de Deus; no quartel: o grito que visa a preservar a ordem e
a hierarquia; na comunicação de massa: chamado publicitário que tem por
objetivo racionalizar o consumo; há, ainda, longos etecéteras a serem
percorridos.

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